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Thundercats Roar e a nostalgia que cega até o Olho de Tandera

  • Foto do escritor: Ricardo Sodré
    Ricardo Sodré
  • 21 de mai. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de dez. de 2018


identidade visual do novo desenho, que resgata Thundercats e traz o nome de volta para as novas gerações

Existem certos momentos que eu simplesmente não acredito nas polêmicas que surgem na cultura pop/geek, e esse é um deles: os fãs de Thundercats estão absolutamente revoltados com a nova roupagem que a animação vai ganhar, no novo desenho Thundercats Roar, uma atualização mais do que necessária dos heróis, para a nova geração, que está com a estreia prevista para 2019.


E essa mais nova série animada inspirada nos clássicos personagens dos anos 80, pode até ser que tenha ação mas claramente, o novo desenho vai ter um apelo para comédia, com bastante daquele humor non-sense que a gente ama, com um visual fofinho, que bebe bastante da fonte de Steven Universe e do excelente O Incrível Mundo de Gumball. E isso, não é nenhuma novidade no mundo pop, pelo contrário, segue uma tendência que já tinha acontecido com o divertido Teen Titans Go! e com a bem atual releitura de As Meninas Superpoderosas (2016) e com as interessantes releituras de Scooby-Doo - que já são tantas que nem vou escolher uma para dar de exemplo aqui.


A polêmica toda surge então, só com o anúncio do desenho, as primeiras imagens e a liberação de um vídeo apresentando a produção, e mais uma vez, os autointitulados "fãs" se revoltam, se rebelam, dão um ataque de pelancas, e decidem palpitar sobre um conteúdo que não foi lançado ainda, inspirado em outra produção que eles não consomem a décadas, simplesmente para manter intocada a idealização de uma época que - deve ter sido a melhor da vida deles. Tal como Mumm-Ra, são figuras que saem de sua decadência, e decidem transformar seus corpos mumificados em seres eternos, proprietários da verdade absoluta. E tal como o vilão, vão levar uma bela surra, não dos nossos felinos guerreiros, mas do bom senso e da indústria do entretenimento.

você queria gatos do trovão, @?

E como eu tenho sempre que me manter atualizado, passei o fim de semana engajado nas discussões e debates nessa terra de meu deus que é a internet, e nem preciso dizer, li absurdos, que motivaram esse post. E quero deixar claro que, evidente que todos tem direito de não gostar da nova série animada, a discussão aqui, não é essa. O que não podemos é deixar "fãs" que em uma crise de meia idade, queiram barrar o acesso das novas gerações à um conteúdo, só porque acham que tem algum direito a propriedade deste. Aos "saudosos fãs", a recomendação geral é a de que assistam à animação original e pronto - ou então, assistam a ótima releitura mais adulta que fizeram em 2011, mas vejam só, ninguém assistiu, e foi cancelada. Aos fãs mente aberta, com uma visão que enxerga além do alcance, consumam a nova produção, deem uma chance, permitam-se gostar e surpreender.


É preciso entender que nem tudo que é feito no mundo é para você, homem branco, hétero, de meia idade. O público mudou, as crianças de hoje, assim como éramos diferentes das crianças que nossos pais foram, são diferentes das crianças que fomos. E é óbvio que o público que eles querem atingir é esse, essa nova juventude, mais dinâmica, que busca conteúdo com um tom mais leve, com um humor mais non-sense, ácido, com um visual mais colorido. E isso não é problema nenhum.


Pelo contrário, é com esse primeiro contato, que as crianças vão querer ir atrás do clássico. É assim que se aumenta o público de uma produção, e se você gosta mesmo desta, o que você quer é isso. Que mais gente goste, conheça, passe pelas mesmas experiências que você passou. Foi com as referências geniais de Teen Titans Go! que meu irmão mais novo, teve seu primeiro contato com os Superamigos, por exemplo, um desenho que ele nem tinha ideia do que era.

a produção já citada de 2011

A sensação que eu tenho é de que vocês não querem que outros tenham a mesma experiência que vocês, e sempre vão arranjar um monte de defeitos em qualquer tentativa de resgatar o clássico e modernizá-lo. Em 2011, com a primeira releitura de Thundercats criticaram o tom mais sério, criticaram o traço que tinha um quê de anime, pipipopo, agora, em 2018, é a mesma coisa, com uma produção que podemos dizer é o oposto dessa primeira releitura.


Além disso, como eu já disse, ninguém vai queimar todas as mídias da animação original, ela vai continuar aí, para ser consumida. É o mesmo discurso progressista de sempre: quando alguém faz um remake, reboot, nova interpretação, releitura, os filmes, séries, desenhos, gibis originais continuam aí. Uma nova versão é só isso, uma nova versão. Ninguém está destruindo o material antigo, e nem tem o porquê o fazer.


Sem falar que "imacular" essas obras originais e antigas só por terem feito parte da infância é burrice: são obras como qualquer outras, com seus defeitos técnicos e suas problemáticas. E modernizar essas é dar a chance de que elas melhorem, não é porque associamos a obra à nossa memória afetiva, que ela é a melhor coisa do mundo que corre risco de ser estragada por qualquer nova versão.


No fim, o que nos resta é isso: deixar a cultura pop ser modernizada, porque ela é uma força viva na nossa sociedade, que precisa crescer, evoluir, relembrar, inovar, aprender com os erros, tal como nós. Deixem que as novas gerações descubram o velho, e que as gerações mais velhas, redescubram o velho com uma outra roupagem. A cultura pop não vive de passado, e nós, com toda certeza, não deveríamos.

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