top of page

Precisamos conversar sobre Arrested Development

  • Foto do escritor: Ricardo Sodré
    Ricardo Sodré
  • 16 de mai. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de dez. de 2018


imagem promocional da quinta temporada

Daqui exatas duas semanas, dia 29/05, a quinta temporada de Arrested Development finalmente vai ao ar na Netflix, quase cinco anos depois de ter sido revivida pelo streaming. E eu não vi jeito melhor que começar esse site, que não falando sobre uma das melhores e mais importantes séries de comédias da televisão estadunidense.

A série que tem na sua premissa inicial, narrar as aventuras da Família Bluth tentando se acostumar com sua nova realidade social, depois que o patriarca (Jeffrey Tambor, Transparent) é preso por forjar a contabilidade da empresa. Desse ponto, até chegarmos aqui, a família passou por muita coisa, e a trama já sofreu uma série de reviravoltas que são essenciais na manutenção de uma comédia.


E é impressionante quanto a série se consegue manter atual, mesmo 15 anos depois da sua estreia, fazendo uma crítica feroz à burguesia estadunidense e seu estilo de vida quase aristocrático. E a qualidade da série está justamente nessa autoconsciência, na capacidade de rir de si mesma e do absurdo que retrata - olhos mais atentos consegue enxergar essas alfinetadas com facilidade, seja no ativismo da Lindsay (Portia de Rossi, Scandal), seja na infinita lista de estudos de Buster (Tony Hale, Veep), seja na vida descompromissada que leva Gob (Will Arnett, Lego Batman), no consumismo e no alcoolismo de Lucille (Jessica Walter, 90210), na rebeldia sem causa de Maybe (Alia Shawkat, Search Party) etc.


Aliás, podemos notar também a qualidade do elenco, que ainda conta com Jason Bateman (Quero Matar Meu Chefe), Michael Cera (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e David Cross (Alvin e os Esquilos), todos têm um timing para comédia que é essencial para que abracemos toda a comédia do absurdo e nos façam aceitar as críticas que querem fazer. E é curioso isso, porque na época, o comum eram comédias protagonizadas por um elenco majoritariamente branco, masculino e hétero, que pareciam ignorar essa sua condição. E Arrested Development já chega deixando isso claro: somos uma série de brancos ricos falidos, e sabemos o quanto isso é socialmente inaceitável.


foto promocional dos primeiros anos da série, se comparar com a imagem de cima, dá pra ver que a idade chegou para todos

Se eu tivesse que fazer um paralelo com uma produção brasileira, eu diria que Arrested Development é a Sai de Baixo dos Estados Unidos - e claro, é necessário que haja produções com o intuito de satirizar a parcela burguesa da sociedade, o que precisa de um texto afiado esse elenco com carisma o suficiente para que não terminemos odiando a série e os personagens. É justamente a capacidade de fazer crítica sutis na sua composição, não recorrendo ao didatismo que às vezes é comum de comédias, que a série se sobressai das demais.


E eu não podia terminar esse texto sem falar do quão brilhantes são a narração, os recursos visuais e a escolha de direção da obra. Isso, porque a série adota um estilo que lembra a de um documentário, e aproveita de todos os clichês visuais do gênero, que só enriquece a dinâmica dos episódios, e isso é somado a narração sarcástica do Ron Howard (diretor de Han Solo e do vindouro live-action do Pinóquio), que traz um frescor diante as comédias tradicionais no ar hoje. Não é nada novo, mas é diferente o suficiente para fugir da mesmice.


A título ainda de curiosidade, os irmãos Russo, Joe e Anthony, hoje em evidência por estar a frente dos dois grandes crossovers da Marvel, Vingadores: Guerra Infinita e a sua sequência, estiveram a frente de vários episódios de Arrested Development, e inclusive colocaram alguns easter eggs da série, no filme já citado e em Capitão América: Guerra Civil (filme da produtora, que também foi comandado por eles).


Em Guerra Infinita, vemos Tobias pintado de azul, na vitrine dentre as preciosidades do Colecionador; em Guerra Civil, vemos o famoso carro da família Bluth na sequência de luta dos heróis. Perdoem a qualidade da imagem, mas não dá pra trabalhar só com hd o tempo todo, né?

Já acabei de me estendendo mais do que gostaria com esse post, mas acho que já fui muito claro nos pontos positivos da série. Mas é lógico, que em 15 anos, nem tudo foram flores. Na quarta temporada, já em 2013 pós seu resgaste pela Netflix, em função da agenda do elenco, a estrutura e montagem dos episódios não agradou muito os fãs e acabou deixando a desejar.


A proposta era a de contar histórias deslocadas de cada membro da família por episódio, com os protagonistas quase não interagindo entre si. Mas como isso foi alvo de algumas reclamações, esse ano às vésperas da nova temporada, o streaming decidiu re-editar os episódios e propôs o que chamou de "remix" da temporada - esse, que ainda não conferi, mas já comecei a maratona e vou conferir logo mais (quem sabe, eu faça até uma atualização nesse post ou escreva em um futuro post sobre a quinta temporada, falando sobre esse remix).


Eu quero ressaltar no entanto, que apesar disso, a quarta temporada não é um desastre total em tem momentos muito bons também. Logicamente, que as três primeiras são realmente melhores, muito provavelmente que por isso, a Netflix esperou pela agenda do elenco por tanto tempo, para que os protagonistas pudessem interagir mais nessa nova temporada. Falando nela, acho que já conclui tudo que queria falar sobre a série, e vou deixar vocês com o teaser da quinta temporada, e confesso que estou bem curioso em ver essa dinâmica eleitoreira em um momento tão conturbado da política estadunidense. Logo nessa chamada, já vemos Lindsay ao contar que vai ser candidata, dizer que "quer ser parte do problema".







Comments


  • Black Facebook Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Instagram Icon

© 2023 por Pausa, Rebobina e Play. 

bottom of page